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Antes, maratonar era correr. E hoje, o que é?!

  • streamidiablog
  • 2 de nov. de 2021
  • 8 min de leitura

Atualizado: 15 de dez. de 2022

Embarcar numa maratona é um sinônimo de coragem e resistência física. Mas como explicar que uma pessoa sedentária acima do peso ideal para atletas e sem hábitos saudáveis também pode maratonar?


Por que o termo maratonar se popularizou entre os amantes de streaming? Como conseguimos passar o dia e a noite assistindo filmes e séries? Maratonar é um hábito saudável? E o que nos leva a o hábito de maratonar?


Confira as respostas para todas essas dúvidas através deste post.


Desvenda alguns mistérios e mitos da maratona de filmes e séries, o mergulho nessa realidade curiosa que envolve os streamings te mostrará os pontos positivos e negativos do ato de maratonar.


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Embarcar em uma maratona sem dúvidas é um sinônimo de coragem e resistência física. O termo maratonar se popularizou nos últimos anos e atualmente pode-se traduzir como uma ação do indivíduo de passar horas e horas consumindo o seu programa favorito (filmes, séries e afins), mas sempre foi assim…





No artigo de hoje eu vou te contar um pouquinho sobre como assistir séries se tornou quase que uma maratona atlética.


O que de fato é uma maratona?

Tudo começou lá na Grécia, País que é conhecido como berço do esporte. A maratona surge como um "Herói Grego”.

A lenda diz que na Cidade de Maratona na Grécia, em 490 a.C. os gregos decidiram dominar totalmente a Grécia, então aconteceu uma batalha entre gregos e persas.


Nessa batalha os gregos venceram os persa, essa notícia precisava ser dada com urgência à população grega que habitava em Atenas - que é hoje a capital Grega e a maior cidade da Grécia, então ao vencer os persas, os soldados gregos mandaram Filipedes, conhecido como um excelente corredor, ir até Atenas para anunciar a Vitória.

Filípides percorreu uma distância de quarenta e dois quilômetros e meio, e com todo o seu esforço empregado para dar a notícia ele morreu logo após anunciar a vitória devido ao desgaste da missão.

Nos tempos modernos, para homenageá-lo as provas de corridas de longas distâncias foram intituladas de maratonas e passou a ser empregada nas Olimpíadas.

A primeira homenagem feita para Filipes ocorreu em Atenas em 1986, onde o corredor Spiridon Louis venceu a disputa com um tempo de duas horas, cinquenta e oito minutos e cinquenta segundos. Assim surgiu o conceito de maratona.


Maratona e o Streaming

Apesar de sua aplicabilidade original referir-se ao ato atlético, hoje ao falar-se sobre maratonas mais especificamente sobre o termo maratonar não traduz-se apenas sobre as corridas de longas distância, mas também a um comportamento de consumo de audiovisual atual, comportamento esse advindo com a tecnologia de distribuição de vídeos pela internet e principalmente com o crescimento das plataformas de streaming (Netflix, Amazon Prime, Globo pay entre outras plataformas.

Toda essa transformação ocasionou mudanças tanto nos modelos das produções televisivas (formatos, veículos de disponibilização, quantidade, frequência etc) quanto nas formas de consumo do espectador.

Modelo de consumo conhecido como VOD - Vídeo On demand, essa forma de consumo é caracterizada pelo comportamento de consumo do usuário, ou seja significa dizer que ele tem total controle do conteúdo.



Representa a liberdade de escolha para os usuários acerca do conteúdo audiovisual a ser consumido a partir da banda larga e em inúmeros dispositivos, incluindo TVs e as telas de desktops, tablets e smartphones. (K2., 2021).

O que anteriormente só seria possível ser consumido apenas pela Tv, com a programação estabelecida pelas emissoras, o espectador passa a ter liberdade do que escolher o assiste, quando assiste e como assiste, dispositivo e etc.

Segundo a definição do dicionário Informal, maratonar significa nada mais nada menos que: Assistir a um seriado, ler um livro ou consumir qualquer produto de entretenimento de forma ininterrupta, frenética e incessante, com bastante interesse e empolgação, consumindo inteiramente ou parcialmente em um curto período de tempo.

O consumo assíncrono de conteúdo televisivo possibilitado pelo modelo de VOD, popularizou hábitos como o de maratonar séries (termo em português para a definição de binge watching) (SCALEI e CUNHA, 2020).

O termo é a tradução de binge-watching - ação de assistir a dois ou mais episódios de um mesmo programa de uma vez.

O ato de maratonar intensificou-se em 2010, mas os serviços de streaming começaram a operar em 2006 nos Estados Unidos, e há relatos também de que essa prática já ocorria em 1970, quando foram lançados os equipamentos caseiros de reprodução de áudio e vídeo. Nessa época, as maratonas nos Estados Unidos eram realizadas pelos fandoms nas convenções dedicadas às séries de sucesso, como Star Trek, de Gene Roddenberry (1966-1968). (CÂMARA; MASSAROLO; MESQUITA; PADOVANI, 2018)

Mas só apenas em 2010 que esses serviços foram de fato popularizados e a prática de maratonar tornou-se um hábito de consumo recorrente na rotina das pessoas, isso em virtude de diversos fatores.

Alguns fatores que foram cruciais para essa democratização foram:


  • a inclusão digital, com barateamento de acesso a internet banda larga com velocidade suficiente para as transmissões de alta qualidade de imagem em tempo real;


  • E a popularização de dispositivos capazes de tirar proveito desses serviços, como novos televisores e smartphones.


Maratonar: Vício ou hábito?

Como já falado anteriormente, maratonar tornou-se corriqueiro no dia a dia das pessoas, principalmente dos amantes de cinema e consumidores assíduos de filmes e séries.

Essa prática é mais evidente entre jovens entre 18 a 29 anos, foi o que revelou uma pesquisa realizada pela Universidade do Texas, nos EUA, onde foram entrevistados e 316 voluntários que responderam perguntas relacionadas a frequência em que assistiam televisão. Mas até que ponto essa prática deixa de ser um hábito saudável e se torna um vício e um risco à saúde?

Bom… esse estudo realizado pela Universidade do Texas constatou que maratonar por mais inofensivo que pareça pode estar relacionados a alguns comportamentos negativos e prejudiciais à saúde, foi verificado que maratonas de séries e afins é um comportamento que pode estar associado a depressão e sentimentos de tristeza e solidão, ou seja quanto mais solitários e depressivos mais propensos a maratonas o indivíduo é.

Outro estudo publicado pelo Journal of Clinical Sleep em 2017, revelou também que esse consumo compulsivo por séries e filmes pode impactar também a qualidade do sono, aumento da fadiga e sintomas de insônia. Além de contribuir com o que os “maratonistas” façam escolhas não saudáveis quanto ao estilo de vida, como por exemplo escolher refeições não saudáveis e comportamentos sedentários.


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Especialistas acreditam que, ao passar horas e horas assistindo afetam o sistema cardiovascular, visão e padrões de sono, entre outras questões que estão relacionada ao sedentarismo, em função de se passar horas e horas sentados, uma vez que isso pode aumentar o risco de síndrome metabólica, doenças cardíacas, síndromes e diabetes.


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O que leva as pessoas a maratonar?

Se você é um maratonista assíduo de séries com certeza já perdeu-se no tempo assistindo sua série favorita ansioso(a) pra descobrir as próximas empreitadas do seu personagem predileto, ou até mesmo se vc não é tão “sériénático” assim sem dúvidas em algum momento você também já passou horas e horas mesmo que uma vez ou outra consumindo seu programa de streaming favorito, o fato é que: sendo maratonista ou não as narrativas produzidas pelos grande player de streamings conseguem prender a atenção qualquer um.

Capaz de fazer com que você fique em um verdadeiro confronto consigo mesmo entre: assistir todos ou episódios de uma vez ou deixar para depois só para curtir por mais tempo e não ficar com aquele aperto no coração de quando a série acaba na ansiedade da próxima temporada.

Isso acontece porque as narrativas são construídas para que você fique envolvido emocionalmente mesmo, e tem uma explicação.

Tudo isso é pensado para que você se identifique com a série, os personagem, a história. É exatamente o que diz a frase“ A arte imita a vida”, as séries são produzidas e discutem assuntos que dão match com as características psicológicas dos telespectadores.

Elas são capazes de transportar a audiência para uma realidade que em geral são voltadas para os desejos que se gostaria de viver. Além da forma em que se termina cada episódio, que é a cereja do bolo para te fazer querer assistir o próximo episódio muito rapidamente.

Marcel Vieira - Professor de Cinema e Audiovisual da UFPB faz a seguinte afirmação “ é mais uma experiência ligada à própria dinâmica das plataformas e de uma certa lógica de programação que convida à assistência continuada. Então, mais do que quantidade de episódios, eu acho que a maratona de séries é uma experiência espectatorial. É você ser convidado a assistir uma certa programação quando quiser, na sequência que quiser, quantos episódios quiser, sequencialmente, sem estar limitado pela grade de programação da televisão linear”.

Ou seja, esse fenômeno ocorre não simplesmente pelo fato de se assistir vários episódios de uma vez, mas sim pelo pelo quanto o telespectador está envolvido e é incitado a continuar o consumo sequencialmente.


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E como isso acontece?

Uma pesquisa que foi realizada por estudantes da Universidade Católica de São Paulo em julho de 2021, apontou algumas estratégias de storytelling usadas pelo maior player de streaming sobre as narrativas que fazem com o que o telespectador fique grudado nas telinhas assistindo por horas e horas. A principal delas é que gera essa reação foi: Antecipação, amplitude e disrupções do incidente incitante;

Ok, mas o que isso significa?

Bom, essa estratégia refere-se às cenas que normalmente são os pontos altos das narrativas, como por exemplo quando a série finaliza o episódio com o início de uma crise mas que só destrinchada no início do próximo episódio, que em geral esse conflito é o que tá o tom da narrativa da próxima história de forma sequenciada gerando mais curiosidade e maior tempo de tela. Estratégia conhecida como lógica de continuidade intensificada. No storytelling.

Mas para além disso, esse sucesso que leva o telespectador a maratonar, não se resume aos esforços dos players de streaming em chamar a atenção do público somente, mas principalmente a esses sentimentos de afetividade e identificação gerados pelo telespectador ao consumir a sua série favorita.


Entendi isso, mas como resistir a tanto encantamento e consumir minha série favorita com moderação e de forma saudável?


Para não cair na armadilha do vício e comprometer sua saúde, a melhor maneira de assistir suas séries favoritas é se organizando, definindo horários e tempo preestabelecidos para assistir, colocando limites na sua rotina de maratonas para esse seu momento de prazer.

Mas não apenas isso, para além de limitar o tempo que você irá passar assistindo, é preciso de fato estar disposto e se comprometer a assumir esse compromisso consigo mesmo.

Entendendo o quanto pode ser prejudicial o consumo exagerado. Dizem que tudo que é demais sobra, o excesso não é bom em circunstância alguma, nem mesmo quando se fala do melhor dos prazeres, de fato é necessário manter o equilíbrio, como tudo e qualquer coisa na vida.

Então, comprometa-se a estabelecer limites no seu momento de assistir a série, como por exemplo uma quantidade X de episódios, ou uma quantidade X de horas, e se comprometa de fato executar.

Outra dica é definir outras atividades ou compromissos que te obriguem a parar de assistir, então procure ter uma rotina mais dinâmica, com outras atividades diversas que goste de fazer.

Isso porque essas práticas de maratonas acontecem em sua grande maioria em dias que parecem que não se tem muito o que fazer, não é mesmo? são os “dias livres”, os dias em que se quer apenas ficar de bobeira, apenas jogar as pernas para cima no seu cantinho favorito e não pensar em mais nada além de “o que será que vai acontecer com personagem X neste episódio?”

Pode parecer tentador e muito difícil mesmo, não resistir a passar horas apenas não pensando em muita coisa, principalmente com a rotina super corrida que em geral a vida lhes obriga a ter.

Mas é preciso cuidado e se policiar para que não se torne um risco à saúde, e até mesmo nos momentos de relax é preciso se ter uma rotina minimamente proativa para não cair na armadilha sedutora que pode virar um hábito não saudável.


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