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A guerra dos streamings nos deixa felizes

  • Foto do escritor: Gabriel Portugal
    Gabriel Portugal
  • 5 de nov. de 2021
  • 9 min de leitura

Atualizado: 15 de dez. de 2022

Confira nossa versão em áudio:





O streaming evoluiu muito ao longo dos anos, pois apesar de ser um serviço amplamente utilizado ao redor do mundo, as possibilidades de seu uso deixaram de ser individualmente requisitadas, para serem exploradas por empresas de distribuição como Netflix e Spotify.


Essas empresas que iniciaram o monopólio do streaming ao redor do mundo, ainda representam uma grande parte de clientes que optaram por assinar o serviço de ambas, mas afinal, a entrada de novos concorrentes para elas no mercado, traz algum benefício para os assinantes?


Antes de chegarmos nesse ponto, vamos falar um pouco sobre os primeiros concorrentes das duas empresas, e quais os pontos positivos de sua entrada no mercado, além dos benefícios que foram colhidos pelo consumidor com a chegada de novas opções de streamings no Brasil e no mundo.


O primeiro concorrente direto da Netflix no mundo foi a Amazon Prime Video, a empresa conhecida nos EUA pelo seu e-commerce, aproveitou-se dessa ferramenta para obter uma vantagem competitiva que a Netflix não tinha, que era a concessão de benefícios para os assinantes, como frete grátis, ofertas relâmpagos, descontos e o entretenimento proporcionado pela sua plataforma de streaming.


A Amazon na contramão do que fez a Netflix, passou a oferecer conteúdo e produções originais, que mesmo com baixo orçamento em relação a sua concorrente, foram bem aceitos pelo público, que viram na nova plataforma e uma possibilidade extra de entretenimento com mais benefícios, e principalmente com mensalidades mais acessíveis que a Netflix.


A entrada da Amazon no mercado encorajou diversas produtoras de filmes, e gerentes de produções de TVS a cabo e abertas, que começaram a adaptar suas produções para a reprodução nos streamings, com destaque para o Globoplay: o streaming da Globo que se aproveitou de sua gigantesca audiência para divulgar sua plataforma, que possuía oferta de iniciar com o primeiro mês grátis.


Se nesse momento você está se perguntando se a entrada do Globoplay no mercado foi o início da guerra dos streamings, acredite, você está totalmente equivocado. A entrada do Globoplay, foi somente o início de uma batalha com a Amazon pelo segundo lugar, como uma opção extra além da Netflix; porém a guerra anunciada começava a ganhar mais opções, demonstrando que o mercado era uma terra fértil para ambos, também como para empresas e consumidores.


Na batalha entre Amazon e Globoplay no Brasil, o streaming da Globo levou vantagem, em grande parte devido a divulgação de sua plataforma na TV aberta, cujo sempre estava na liderança. Ao contrário de seus concorrentes, o streaming da Globo passou a divulgar suas produções com degustações em horários nobres no seu canal, e adotou medidas de marketing de sucesso como o uso de músicas nacionais na divulgação de suas produções.


O campo de batalha ainda estava se desenvolvendo, até que o campo de guerra começou a ser estrategicamente montado, quando canais de TV a cabo começaram a enxergar o streaming com bons olhos após o sucesso do Globoplay no Brasil, e foi nesse momento que duas grandes produtoras entraram no mercado brasileiro: Disney e HBO, ambas com a mesma ambição: rivalizar com Globoplay e Amazon prime no país. A Disney começou a desenvolver uma programação focada principalmente no público infantil, que tinha uma carência muito grande de materiais no Brasil, porém evitando limitar-se somente a oferta desse conteúdo. A empresa anunciou também a compra dos canais ESPN e Fox Sports, preparando terreno para rivalizar com um monopólio, que colocou o Globoplay no primeiro lugar em assinaturas no Brasil em 2020: o nicho de esporte.


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A HBO que já contava com vastas produções em desenvolvimento, para reproduções em seus canais de TV a cabo, passou a disponibilizar esses conteúdos originais para assinantes do seu streaming. Inicialmente a aceitação foi razoável, em grande parte devido a agressividade na qual a Disney adentrou no mercado, e das lideranças expressivas do Globoplay e Netflix no Brasil.


Com a entrada dessas novas plataformas iniciava-se a guerra, e o primeiro grande confronto dela foi o da Globoplay contra a Netflix. A empresa norte americana presenciou o Globoplay tornar-se líder em assinaturas entre 2020 e 2021, observando durante as olimpíadas, a disputa sem público (devido à covid 19) do campeonato brasileiro e principalmente o Big Brother Brasil. E claro, essa batalha beneficiou os assinantes de ambos os streamings.


Com o objetivo de recuperar a liderança perdida com as olimpíadas, que aumentaram os índices do Globoplay, a Netflix passou a investir pesado em anúncios em plataformas audiovisuais como o YouTube, e passou a executar projetos de produções nacionais com protagonistas conhecidos pelo público, essa estratégia de nacionalização trouxe a Netflix novamente para a liderança, e ligou um sinal de alerta para a Globo que via a Amazon se aproximar perigosamente.


A Amazon percebendo que não poderia competir com os principais produtos da Globo (esportes, telenovelas e realities) acabou adotando três medidas que a fizeram recuperar o segundo lugar: a primeira foi o lançamento de sua primeira série nacional DOM; a segunda, a divulgação de seu streaming em campeonatos de futebol, libertadores e campeonato paulista, além de um patrocínio master ao São Paulo, obrigando a Globo a mostrar seu serviço gratuitamente para todo Brasil; a terceira e última, foram propagandas e degustações de seus conteúdos no SBT.


Com a derrota do Globoplay para a Amazon, a guerra tomou grandes proporções, principalmente para os amantes de streaming que aguardaram ansiosamente pelas novidades da Disney e HBO, estas que partiram para cima do streaming da Globo com grandes produções; porém Disney e Globoplay compartilhavam do mesmo receio: o crescimento da HBO em território nacional, pois grandes novidades da produtora estavam por vir, mas afinal quais foram essas novidades?


A HBO entendendo que tinha de se posicionar como uma gigante em suas produções, adotou estratégias inteligentes, como o lançamento de séries aclamadas (somente no streaming); o lançamento de filmes (primeiramente em streaming, posteriormente no cinema), e principalmente uma parceria bastante promissora com a TNT, canal de TV a cabo que havia adquirido o Esporte Interativo, que possui bastante sucesso no Brasil devido às transmissões do futebol brasileiro e internacional.


Com o passar do tempo, a HBO começou a ganhar terreno devido as suas transmissões de futebol em parceria com a TNT, que renomeou o Esporte Interativo para TNT Sports, e numa parceria entre streaming e TV, vários ambientes multi telas puderam ser criadas, mesmo após perder alguns campeonatos exclusivos para concorrentes, a exemplo da Copa do Nordeste que também foi para Disney. HBO e TNT adquiriram juntas campeonatos internacionais de destaque, como as eliminatórias europeias da copa e alguns jogos do campeonato brasileiro.


A HBO agora tinha produtos que a Disney não poderia ter, e ao adquirir o campeonato brasileiro junto com a TNT, teve o direito de exibir alguns jogos em seu streaming, porém a produtora não se deu por satisfeita, pois queria ter um produto esportivo exclusivo em seu streaming, a reviravolta aconteceu no final da temporada europeia de futebol 2020/2021, quando a empresa anunciou a transmissão exclusiva em streaming da Champions League no Brasil, e viu o número de suas assinaturas dispararem em relação aos concorrentes. Para complementar a programação, a HBO também anunciou a transmissão do Paulistão 2022.


Após os anúncios feitos pela HBO, a Disney sentiu-se ameaçada em território brasileiro, e percebeu que precisava se adaptar, para não ser ultrapassada pela sua concorrente direta. E após identificar que a marca Disney+ fazia com que possíveis clientes assimilassem a apenas a conteúdo infantil em streaming, a Disney adquiriu a FOX e renomeou todos os canais a cabo para STAR, com destaque especial para o STAR+ que se tornou uma nova opção de streaming.


Com a criação do novo streaming da Disney, uma nova batalha da guerra foi instaurada: STAR+ contra HBO max. Esse capítulo da guerra foi bastante interessante para os assinantes, pois viram uma onda de lançamentos de ambas as plataformas, com variedades de filmes, séries, esportes e principalmente uma redução drástica no preço das mensalidades

de ambas, que tinham o mesmo objetivo: alcançar o terceiro lugar que até então pertencia ao Globoplay. Essa animosidade contribuiu para o aumento significativo de assinaturas das plataformas.


A Disney identificou que o STAR+ mesmo dispondo de uma divulgação bastante feroz ainda se encontrava bem atrás do HBO max, e decidiu lançar uma programação exclusiva para esportes em seu novo streaming, com a transmissão dos principais campeonatos da europa, com destaque para a Premier League. Com o objetivo de alcançar a HBO, o STAR+ liberou o acesso gratuito de degustação a alguns finais de semana com jogos exclusivos, com destaque para os clássicos; isso fez com que as assinaturas crescessem consideravelmente.


O Globoplay acompanhava a guerra de ambos com certa preocupação, porém a distância, mas ao perder a transmissão em streaming do campeonato paulista para a HBO, viu sua concorrente incomodá-la não somente no streaming, mas também na TV a cabo, onde os principais jogos do campeonato paulista eram transmitidos pela TNT Sports, diminuindo a audiência de seus canais da Premiere. Começava então a guerra pelo monopólio do futebol no streaming, que fez com que os amantes do esporte ficassem bastante felizes.


Surgiu então o segundo benefício da guerra dos streamings para os usuários: a diversidade de opções nas plataformas, para acompanhar os campeonatos de futebol, basquete, vôlei e dentre outras modalidades esportivas. O futebol foi a modalidade mais beneficiada dessa batalha interna, com a HBO transmitindo a Champions League e as eliminatórias europeias, o STAR+ transmitindo os principais campeonatos da europa além da copa do nordeste, e o Globoplay transmitindo o campeonato brasileiro, copa do brasil, e alguns campeonatos estaduais.


A Amazon identificou que a transmissão de campeonatos de futebol estava contribuindo para o cancelamento de assinatura de alguns usuários, dispostos a migrar para outras plataformas, e que além de Globoplay, STAR+ e HBO max, plataformas internacionais exclusivas para transmissões esportivas como DAZN, One Footbal e Conmebol TV, estavam contribuindo para a diminuição de seus assinantes, e com o objetivo de manutenção dos mesmos, anunciou sua primeira transmissão de futebol: a Copa do Brasil 2022.


O Globoplay que ainda se encontrava na terceira posição na guerra dos streamings, enxergou com preocupação o avanço da plataforma HBO max, que em seu primeiro mês de lançamento conseguiu diversas assinaturas. O Disney + também compartilhava do mesmo sentimento da plataforma da Globo, e ambas com o objetivo de evitar o crescimento da HBO, lançaram o combo de assinaturas Globoplay mais canais Disney, que obteve uma adesão muito grande por parte dos assinantes de ambas as plataformas.


Provavelmente o pensamento da Disney foi: se não pode com eles, junte-se a eles; e ambas tornaram-se aliadas na guerra contra o HBO max. Porém o feitiço voltou-se contra o feiticeiro, pois apesar do Globoplay ter conseguido com a parceria, o seu principal objetivo (evitar o crescimento da HBO), a Disney deu um verdadeiro olé na plataforma e assumiu a terceira posição em assinaturas no Brasil. Mas afinal, como explicar o crescimento da Disney? e o Globoplay, foi utilizado como trampolim midiático?


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A batalha pela terceira posição e o crescimento da Disney, pode ser explicado somente por dois motivos; o crescimento do interesse do público infantil nos streamings, e a percepção dos pais de que dentro da plataforma do Globoplay seus filhos poderiam encontrar conteúdos sensíveis, como séries e minisséries com indicações não apropriadas para crianças; logo, esses dois fatores, aliados a exposição midiática que a Disney teve na TV globo, a maior emissora do Brasil contribuiu para o crescimento do streaming, a nível nacional.


A HBO Max conseguiu retirar temporariamente o Globoplay da quarta posição, porém essa batalha individual ainda se encontra em curso, com ambas disputando ferozmente esse território. Mas segundo as últimas pesquisas, ambas as plataformas estão tecnicamente empatadas com o Globoplay, levando uma pequena vantagem que pode ser explicada por sua grande arma nuclear: a divulgação do seu streaming na TV Globo.


Apesar do barulho feito pelas outras plataformas, a guerra mais interessante do momento é entre Netflix e Amazon, que disputam cada centímetro de espaço, seja na internet através dos anúncios, ou na televisão; como aconteceu na final da Champions League na SBT, onde ambas adotaram a mesma estratégia: aproveitar a grande audiência para divulgar seus serviços de streaming, algo que como vocês já podem imaginar, nem o Globoplay ou HBO max poderiam fazer.


Mas e o Spotify, o principal streaming de músicas do Brasil tem concorrentes? Afinal, se eu te perguntasse agora: cite ao menos 3 concorrentes diretos da plataforma no país, você saberia quais são? O Spotify além de ser o pioneiro, conseguiu aliar boa tecnologia, mais uma personalização de boa experiência do usuário, afastando seus concorrentes e tornando-se uma plataforma exclusiva e inovadora.


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Dentre as opções disponíveis no país, a que mais chegou a incomodar o Spotify foi o Deezer, que inicialmente promoveu diversas divulgações online, assim como, parcerias com artistas que lançavam suas músicas na plataforma. Sabendo que não poderia competir com o mercado popular musical do Brasil, como funk, sertanejo e pagode, o Deezer concentrou seus esforços no gospel, em parcerias com Oficina G3, André Valadão e Daniela Araujo, algo que deu bastante certo, pois fãs de Oficina G3 e André Valadão representaram 30% dos usuários. Mesmo com a chegada da Apple Music e Amazon Music, que apesar de estarem a frente de grandes marcas, nunca conseguiram sequer ameaçar o Deezer, e ao menos incomodar o líder Spotify.


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O que nos resta diante dessa guerra de gigantes? iremos torcer para que seja cada dia mais benéfico para os assinantes, afinal, imaginem o quão difícil era antes do streaming, assistir a grandes filmes e séries, que antes passavam somente na TV a cabo; ou assistir a campeonatos de futebol internacionais, que geralmente não passavam na TV aberta; ou até mesmo aprender com documentários que antes não tínhamos acesso, pois eram produtos exclusivos de canais fechados; ou ouvir a músicas sem precisar fazer downloads. Aos streamings, que continuem guerreando; pois a guerra dos streamings nos deixa felizes.


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