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Streaming: o fim da TV?

  • Foto do escritor: Gabriel Portugal
    Gabriel Portugal
  • 4 de nov. de 2021
  • 8 min de leitura

Atualizado: 15 de dez. de 2022

Confira nossa versão em áudio:






Afinal, você já se perguntou se as novas tecnologias de streaming podem simplesmente acabar com o consumo da TV por parte do público? Se sim, vamos falar um pouco do assunto e descobrir se isso é realmente possível numa mistura entre passado e presente, onde iremos apresentar os pontos positivos e negativos do mercado de streaming para a televisão.


Antes de chegarmos no ponto mais polêmico desse post, vamos conhecer um pouco mais da história da televisão. Os primeiros lampejos de tentativa de criação dessa tecnologia vieram por volta da década de 1800, quando o cientista Alexander Bain conseguiu executar o envio telegráfico de uma imagem.


Em 1873, o britânico Willoughby Smith comprovou que o selênio era uma substancia capaz de converter energia luminosa em elétrica. Com o emprego de tal tecnologia, a televisão encontrava-se apta para receber imagens.


Foi quando, em 1884, Paul Niokow desenvolveu um disco com orifícios espirados, capaz de fracionar a imagem em elementos, no que foi considerada a primeira tecnologia de pixels do mundo e permitia o processo de transmissão.


Porém, a tecnologia criada por ele só poderia ser explorada para transmissões de imagens a distância. Foi quando, em 1920, John L Baird, após diversos estudos das tecnologias anteriores, montou o primeiro aparelho de TV com som e imagem do mundo.


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TELEVISOR DE BAIRD



Entretanto, foi somente em 1923, através do russo americano Vladimir K. Zworykin, que a televisão começou a ter uma exploração no âmbito comercial e industrial, devido à criação da tecnologia de tubos de imagens desenvolvida por ele e adquirida pela empresa RCA, que tinha como objetivo explorar a invenção e comercializar a TV em grande escala.


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TUBOS DE VLADIMIR



Apesar de sua criação, a TV tinha uma concorrência muito forte na época: a do rádio. O rádio, que foi inventado em 1899, em sincronia entre o italiano Guglielmo Marconi e o austríaco Nikola Tesla, que mesmo após Marconi ter ganho o Nobel de física pela invenção, foi reconhecido anos mais tarde como o inventor do rádio, que teve sua primeira sincronia de transmissão via áudio-voz em 1906, em um experimento de Lee de Forest.


O equipamento popularizou-se ainda mais durante a primeira guerra mundial, quando os militares, que no início queriam a limitação da tecnologia por acreditarem que seu uso representava um grande risco, passaram a utilizá-lo na guerra como meio de comunicação e geolocalização.


Mesmo após o fim da guerra, o rádio continuou como o meio mais popular de comunicação, em grande parte devido à sua portabilidade, acessibilidade, diversidade de emissoras e, principalmente, a sua inserção como um meio cultural de entretenimento das sociedades da época.


Apesar de contar com uma tecnologia mais avançada e ser audiovisual, a televisão ainda contava com poucos usuários, pois, em sua grande maioria, os valores que os aparelhos saíam de fábrica eram viáveis em larga escala somente para as classes com maior poderio econômico, o que dificultava a massificação daquele meio entre as classes mais baixas, que escolhiam o rádio em detrimento da TV devido a grande diferença de preços entre ambos e, principalmente, a grande quantidade de opções de entretenimento que aquele meio proporcionava.


Os aparelhos de rádio existentes até o início dos anos 40, apesar de serem portáteis, eram considerados grandes em tamanhos e proporções, ao ponto de alguns terem o mesmo tamanho de alguns televisores da época.


Até que, em 1947, os físicos Jonh Bardeen e Walter House Brittain criaram o transistor, um pequeno dispositivo que controlava a passagem de elétrons em seus terminais.


A invenção deste pequeno aparelho revolucionou o mercado eletrônico, pois proporcionou a possibilidade da criação de aparelhos de rádios consideravelmente menores em relação aos já existentes, logo, com a possibilidade de ter os aparelhos de rádio ao alcance de suas mãos.


Devido a portabilidade, a TV encontrou bastante dificuldade para se firmar num cenário geral. Contudo, as fabricantes de TV’s da época também enxergaram na criação do transistor a possibilidade de reduzirem a quantidade de sistemas elétricos do aparelho e, consequentemente, diminuírem seus custos de produção e oferta para o consumidor final.


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PRIMEIRO TRANSISTOR


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INVENTORES DO TRANSISTOR



Em meados dos anos 30, a televisão, apesar de ser utilizada em menor escala em relação ao rádio, começou a popularizar-se, até que, em 1936, as olimpíadas de Berlim foram transmitidas pela primeira vez na história de um evento esportivo pela televisão. Porém, infelizmente, devido a ascendência da segunda guerra mundial, as pesquisas em relação as atualizações de tecnologia da televisão foram completamente paralisadas.


Durante a guerra, ambos os lados utilizaram uma novidade da época como propaganda dos esforços de guerra: a filmagem de conquistas militares, encontros de líderes, mobilização de tropas, entrevista de heróis, condecorações e, principalmente, avanços das tropas, que eram reproduzidas pelas poucas emissoras de TV existentes e também nos cinemas, com o objetivo de motivação de ambos os lados, tanto do eixo nazifascista quanto dos aliados.


Essa propaganda de guerra, apesar de ter o objetivo de convencimento da necessidade da entrada dos países no conflito, foi explorada com ênfase maior no cinema e no rádio do que especificamente na TV.


Contudo, ao final da guerra (por volta dos anos 50), com o retorno das pesquisas, a TV popularizou-se, porque passou a adotar alguns programas do rádio, como os de auditório, telejornais e telenovelas, que fizeram a televisão alcançar gigantescas audiências na américa latina, até chegarmos as novas gerações de TV’s atuais, mais finas, compactas, portáteis e conectadas à internet.


Mesmo com a evolução tecnológica, a TV não significou o fim do rádio, pois, segundo pesquisas em território nacional, cerca de 38% da população ainda escuta o meio de comunicação, sendo cerca de mais de 20 milhões somente na grande São Paulo.


É nesse momento que chegamos à questão mais aguardada desse post, que é: a TV sofrerá grandes consequências do avanço do streaming? A resposta para essa questão é: em partes, sim.


Na pandemia da Covid 19, o streaming obteve um crescimento de cerca de 30%, sendo que a maioria das pessoas viram na plataforma uma possibilidade de entretenimento a um custo consideravelmente baixo em relação a oferta de serviços, pois os streamings, além de filmes e séries, passaram a oferecer a possibilidade de eventos ao vivo, a exemplo dos esportivos e dos festivais.


As emissoras de TV’s abertas e a cabo perceberam que o avanço desse novo mercado poderia ser amplamente explorado e começaram a desenvolver plataformas que eram amplamente divulgadas nos seus canais de TV’s e na internet, mesmo com um considerável atraso grandes emissoras, como: Paramount, Star Chanel, Disney, HBO, Telecine, Discovery e Globo.


Essas passaram a oferecer suas plataformas de streaming mediante assinatura mensal e viram seus lucros aumentarem com a grande demanda de usuários que buscavam por seus serviços.


Essas grandes empresas da dramaturgia perceberam que poderiam produzir conteúdos exclusivos em suas plataformas para atrair o consumidor a aderir a nova metodologia de negocio que elas implantaram. Logo, programações que antes eram exibidas na TV passaram a ser oferecidas nos aplicativos dessas emissoras.


Nesse âmbito, cada uma soube explorar seu conteúdo exclusivo de uma maneira única, sendo que três dos exemplos de maiores sucesso tratam-se da Globo, que passou a exibir séries, filmes e novelas exclusivas via Globoplay, além de seus dois produtos de maiores sucesso: o futebol, que na assinatura anual Globo mais Premiere, permitia ao usuário assistir o campeonato brasileiro, a Copa do Brasil, os campeonatos estaduais e a Copa do Mundo, e o pacote Globoplay mais pay per view, que permite que os assinantes tenham acesso ao Big Brother Brasil 24 horas por dia com câmeras exclusivas.


Outro exemplo de sucesso é o da HBO+, que, através de uma parceria com os canais TNT e Space, passou a oferecer de maneira exclusiva aos seus assinantes todos os jogos da Liga dos Campeões da Europa, a maior competições de clubes do mundo, além das eliminatórias europeias, alguns jogos da Liga Europa e o campeonato paulista.


Essa metodologia com foco no esporte fez as assinaturas do HBO+, que já estavam em grande crescimento, dispararem em relação aos seus concorrentes. Além disso, a HBO passou a oferecer séries e filmes exclusivos com a mesma qualidade e produção na qual ela exibia no ambiente da TV a cabo.


Outro case de sucesso no ambiente de TV’s que se converteram em streaming é o do Star+, que lançou seus serviços mediante a possibilidade de os usuários desfrutarem de um período gratuito de uso por 30 dias.


Nesse período, a empresa priorizou a abertura desse serviço na abertura da temporada europeia de futebol, onde grandes campeonatos estavam em seu início, a exemplo da Premier League (campeonato inglês), da La Liga (campeonato espanhol), da Ligue 1 (campeonato francês) e da Série A (campeonato italiano), competições nas quais desfilavam em campo os craques das grandes seleções do futebol europeu e contam com grandes fãs em todo o território nacional.


Outra estratégia utilizada foi a do cancelamento da exibição do maior sucesso de audiência da emissora na TV: a série Os Simpsons, para exibí-la exclusivamente no seu aplicativo de streaming.


Outras produções de sucesso como Impuros, Um Contra Todos e Futurama também seguiram a mesma linha e viraram produtos exclusivos star+. Um ponto positivo da adesão dessas grandes emissoras ao mercado on demand foi a possibilidade de as mesmas utilizarem seus canais de TV como plataformas de divulgação de seus streamings, pois as empresas líderes do mercado, como a Netflix e a Amazon, já obtinham uma grande parcela do publico alvo.


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Ambas focavam principalmente na comunicação com os clientes via internet, através de benefícios ou conteúdos patrocinados. No caso das emissoras de TV, as que atuam na TV a cabo, em sua grande maioria, fizeram parcerias pontuais para a divulgação dos aplicativos de streaming, via comerciais e, em troca dessa troca de divulgações, algumas emissoras passaram a ter acesso exclusivo a conteúdos até então inimagináveis para elas.


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Um grande exemplo disso é o da TNT Sports, antigo Esporte Interativo, que já nutria uma grande quantidade de seguidores em suas redes sociais e uma vasta rede de programação do mundo esportivo e foi adquirida pelo canal TNT, que criou 4 subcanais: TNT 1, 2, 3 e 4. Esses subcanais passaram a receber conteúdos de transmissão do streaming HBO+, responsável pela transmissão dos maiores campeonatos internacionais, a exemplo das eliminatórias europeias, e principalmente da Champions League, além do campeonato brasileiro e paulista, como dito anteriormente.


Essa parceria aumentou consideravelmente a audiência de 2 canais que se tornaram parceiros da HBO: a TNT, responsável pelas transmissões da Liga dos Campeões e eliminatórias da Copa do Mundo, e do canal Space, responsável por jogos da eliminatória e alguns jogos secundários das fases preliminares da UCL.


Outras duas parcerias de destaque, porém em TV, aberta foram o da DAZN com a Bandeirantes, através da retransmissão de jogos do Campeonato Brasileiro da Série C e da SBT, que passou o episódio “Piloto”, da série The Boys, em horário nobre, com divulgações dos serviços da Amazon, através de uma parceria que gerou frutos para ambas as partes.


Até onde essa parceria entre TV e streaming pode chegar? A ascensão do streaming é um sinal de alerta para as emissoras de televisão? A primeira pergunta tem uma resposta óbvia: a parceria entre a TV e o streaming pode chegar a dar voos mais altos, pois, apesar da ascensão do streaming como um todo, ainda há aqueles que preferem consumir o que está mais acessível economicamente no momento, como no caso da TV aberta e outros que ainda consomem a TV a cabo, porque já acostumaram-se culturalmente, devido ao hábito rotineiro de assistir filmes, séries, documentários, realities e principalmente esportes através da TV paga.


Isso nos leva a segunda pergunta: a ascensão do streaming é perigosa para a TV? A resposta é sim, pois, apesar de ambas serem sinônimo de entretenimento, o público mais jovem costuma priorizar o streaming em detrimento da televisão, por todos esses aspectos de poder consumir o conteúdo a qualquer momento que queira.


Esse perigo, apesar de retirar a audiência da TV em alguns momentos, não significa o fim da televisão, pois uma tendencia do futuro é que a TV se integre, adapte ou utilize as programações do streaming e o este continue explorando o potencial da TV de chegar até o publico adulto.

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